sexta-feira, 28 de outubro de 2016

O Vale das Bonecas - Desafio Literário

Desafio Literário 2050


Dedicatória: Para meus pais, que me mostraram a beleza no horror.



O Vale das Bonecas


O nome dela é Maria
Linda e formosa
Mas não a primeira com a sina
Doce e meiga, mas muito ansiosa

Ela queria visitar o vale
O vale do qual não falam
Sete dias faltavam
O povo viu como um caminho ao abate

No dia seguinte de sua saída
Uma boneca no corredor de carvalhos surgiu
Isso significa que Maria encontrou sua sina
Mas ninguém interferiu

O nome dele é Marcos
Corajoso plantador de feijão
Ele tinha vários pensamentos
Com seu casamento no verão

Era outono e a morte caminha entre as árvores
Ela é bela e é perigoso se distrair
Acontece que ela o chamou para o vale
Pobre Marcos que se permitiu seguir

No dia seguinte de sua saída
Uma boneca no corredor de carvalhos surgiu
Isso significa que Marcos encontrou sua sina
Mas ninguém interferiu

O nome dela é Flora
Flora que dizem ser raivosa
Quando em muita companhia, ela vai embora
Sua paciência rapidamente se esgota

Para o vale ela foi a terceira a olhar
Quatro dias dali seria o fim do tormento
As folhas rolavam com calmaria de invejar
Caminhou para perto delas junto do vento

No dia seguinte de sua saída
Uma boneca no corredor de carvalhos surgiu
Isso significa que Flora encontrou sua sina
Mas ninguém interferiu

O nome dele é Henrique
Dizem por aí que ele não possui olfato
Era uma constante gripe
Muitos o chamavam de sensível e delicado

Henrique se sentia excluído com a chacota
Pelo menos perto do vale não sentia alergia
Entrou nele para tornar sua delicadeza lorota
Naquele vale que mal via a luz do dia

No dia seguinte de sua saída
Uma boneca no corredor de carvalhos surgiu
Isso significa que Henrique encontrou sua sina
Mas ninguém interferiu

Faltavam dois dias
E a população começou a se preocupar
Sabia-se que haveriam mais duas vítimas
Por seus filhos todos estavam a zelar

Naquele dia ninguém foi ao vale
Nem em sua orla, ou espiou para seu lado
O aviso que chegou pela noite foi um alarde
No corredor de carvalho não havia nenhum boneco pendurado

No dia seguinte do qual não houve vítima
Uma festa de comemoração se seguiu
Ninguém mais falava sem alegria
Cada um deles interferiu

Seus nomes eram Tadeu e Talía
Gêmeos que de mão dadas sempre andavam
Era lindo ver como Talía sorria
E como Tadeu era elegante quando os cumprimentavam

Sem medo e hesitação foi como entraram no corredor
Dos carvalhos, nenhum enfeite ou esplendor
As bonecas com as quais brincavam
Agora jaziam embaixo do leito de todos que festejavam

No dia seguinte junto à aurora de Halloween
As bonecas estavam de volta à seus postos
Os gêmeos possuíam mais bonecas enfim
Já que a população não pagou em sangue seus impostos

O nome era colônia de Roanoke
Um orgulhoso vilarejo pioneiro
Imagine para aqueles que chegaram o choque
Que foi não ter viva’lma no lugar inteiro



London, 2050

Por Moço Loiro

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