quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Aniversário de grande bruxo britânico

O dia amanheceu com festa para os bruxos da cidade inglesa de York. Hoje, Alban Grady, Ordem de Merlin segunda classe, está comemorando mais um ano de vida.
Alban foi professor em Hogwarts por mais de 20 anos e ao se aposentar dedica-se a escrita de contos que, segundo fontes confiáveis, logo publicará um livro. Para homenagear esse grande bruxo, estamos publicando um de seus contos no dia de hoje.
A torre que desce
Havia uma torre que, ao contrário das suas irmãs, levava para baixo e não para cima. Era uma torre invertida.
Ninguém sabe quem a construiu, ninguém sabe quem a fez de cabeça pra baixo. Alguns aventureiros ousaram descer pela torre para ver o que poderiam encontrar no fundo. A escada em caracol mostrava janelas com diferentes paisagens a cada andar. Sendo um jovem curioso e destemido, você resolve descer a torre e explorar seus segredos.
No primeiro andar, você via o céu noturno polvilhado de estrelas e galáxias, nebulosas e planetas.  Que visão mais bela naquela janela, será que as outras seriam assim também?
Ao descer para o segundo andar, você via uma janela com um céu azul claro com nuvens fofinhas que pareciam exalar uma paz que você nunca apreciara anteriormente.
Chegando ao terceiro andar, você via um céu tumultuado, chuvoso e poderia se assustar facilmente com os trovões que saiam daquelas nuvens tão diferentes das nuvens do segundo andar.
Quando você desce mais um pouco, chega ao quarto andar. É um grande alívio passar por aquele céu turbulento. Quando olha pela, você consegue ver um campo de trigo que já está próximo do tempo de colheita. O vento sopra no campo fazendo com que o trigo oscile ao longe dando a impressão de uma tranquilidade, lembrando-lhe daquele céu calmo do segundo andar. Você bem que poderia parar por ali mesmo e ficar pra sempre observando aquela paisagem, mas a curiosidade é alta e você decide continuar descendo.
A escada agora fica mais estreita e você ainda não consegue ver o fim da torre que desce. No quinto andar você torna a olhar pela janela esperando ver algo mais maravilhoso do que o campo de trigo, mas pra sua decepção, o que você vê é um rio largo de águas turvas e poluídas com uma espuma negra e peixes mortos nas margens. Não há como ficar feliz e manter o sorriso que se formara na sua boca enquanto estava no quarto andar. Sentindo-se triste, você logo percebe que era melhor ter continuado observando o campo de trigo. Resolve então, por voltar ao quarto andar.
Ao olhar para trás, percebe que a escada em caracol não está mais ali, foi-se. Não há como voltar. Preso naquela visão da poluição do rio, a sua única alternativa é prosseguir e ir até o sexto andar. Relutante, você segue a escada da torre que desce e chega ao sexto andar.
Com medo de olhar pela janela e ver algo pior do o rio poluído, você acaba por fechar os olhos e tateia na parede de pedra polida até chegar na janela, respira tentando se acalmar e sente um odor que vem da cavidade na parede que você julga, de olhos fechados, ser a janela.
É maravilhoso! Um perfume de flores silvestres, contente apenas com o cheiro, você volta a sorrir e torna-se corajoso novamente para abrir os olhos e olhar pela janela.
Que decepção! A janela, na verdade, é apenas uma lacuna na parede com um vaso de flores murchas, mas ainda cheirosas.  Desapontado com a visão e enganado pelo seu olfato, seu sorriso desaparece novamente de seus lábios e a tristeza toma conta de você. Será que você subiu a torre que desce para ser desapontado por suas janelas?
Sem opção, você volta para a escada em caracol e chega ao fim da torre, o sétimo andar. Vê, sem atravessar a pequena sala redonda, que existe uma janela do lado oposto que brilha intensamente.
Ótimo! Agora sim você terá a visão mais bela de todas aquelas janelas então apressadamente você caminha até ela e surpreende-se com o que vê. É um homem, velho, muito velho. Curioso, olhando aquele pobre homem quase sem cabelos e com a pele do rosto toda enrugada, você sente dó.
Ao tentar falar com ele, não há som na sua voz. O homem na janela também move a boca junto com você mas não há som nenhum saindo dela. Desesperado para ajudá-lo, você olha para os lados procurando alguma coisa, mas não há nada. Olhe para cima então e veja a luz que vem da entrada da torre invertida, seria a luz do sol? Ela parece estar quase no fim, está muito fraca, logo a noite chegará.
Sem mais nada para fazer, você continua olhando o homem na janela e este também não tira os olhos de você.
Em uma ideia maluca, você resolve estender sua mão para o homem, quem sabe ele não te ajudaria a sair por aquela janela? Ele imita seus movimentos e também estende a mão enrugada para você e ao chegarem bem perto, quase se tocando algo estranho acontece.
Você acaba de tocar algo sólido que não é a mão do homem na janela e por mais estranho que possa ser, a janela cai ao seu toque e quebra no chão aos seus pés em milhares de pedacinhos brilhantes. Incrédulo, você percebe que estava olhando para um espelho e que a luz do sol já dera lugar a noite, uma noite sem estrelas.

Por Effy

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